Inovação & PI bitcoin a grande inversão

Publicado em 17 de julho de 2014 | por Carl Oberg

A grande inversão na lógica política

O bitcoin e outras tecnologias estão invertendo a lógica política normal

A lógica política de “benefícios concentrados e custos distribuídos” tem estado conosco desde o primeiro dia da democracia. Entretanto, apenas com os ganhadores do Nobel James Buchanan e Marcur Olson que recentemente nós obtivemos uma explicação sobre ela.

Funciona assim: um grupo de interesse especial tal como o lobby do açúcar deseja dinheiro na forma de subsídios, benefícios fiscais, fundos para estudos científicos ou qualquer outra coisa que desejarem. Vamos supor que o pacote que desejam vale 100 milhões de dólares. O benefício é concentrado naquela empresa e/ou indústria fazendo o lobby de 100 milhões de dólares.

Quanto isso custará ao pagador de impostos dos Estados Unidos? 100 milhões de dólares é uma resposta parcialmente correta. É claro, como indivíduos, reagimos ao impacto desse tipo de corrupção não como um tributo no valor total de 100 milhões de dólares, mas sim como um tributo com alíquota de 32% (100 milhões divididos por 310 milhões de habitantes). Os custos são distribuídos para cada pagador de imposto, diminuindo o impacto, tornando-o mais politicamente aceitável ao eleitor comum.

Você estará disposto a protestar por 32 centavos? Você construirá barricadas por 32 centavos? Você usará seu tempo para recuperar aqueles 32 centavos? Eles já ganharam, porque praticamente ninguém está disposto a perder seu tempo ou sono por causa disso – mesmo sabendo que isso é uma agressão a todos os indivíduos.

E, portanto, a “lógica” dos problemas tratados pela Escolha Pública é que os gastos aumentem – aparentemente sem limites – em projetos “escolhidos” e interesses especiais até que uma crise ocorre e o sistema tem que começar do zero.

Mas algo interesse acontece quando você começa a falar sobre sistemas difusos como a Internet e o Bitcoin – algo que ainda não foi profundamente examinada. Essa lógica da Escolha Pública é invertida totalmente. Os sistemas não somente sobrevivem, mas prosperam. Vamos analisar o Bitcoin como exemplo.

O governo vê o Bitcoin como uma ameaça ao seu monopólio sobre a moeda e sobre o poder de imprimir quantas notas quiser no Banco Central.  O governo federal zelosamente protege esse poder porque permite que o governo pague pelo que quiser enquanto passa os custos reais da impressão da moeda aos cidadãos por meio da inflação. O aumento dos gastos (benefícios concentrados) e os custos distribuídos (inflação, que reduz o valor da poupança) são as características principais do atual monopólio federal sobre a moeda.

Mas quando o governo passou a combater o bitcoin e outras criptomoedas, ele encontrou uma situação diferente: os beneficiários desses sistemas difusos são uma legião, amplamente disseminada. Todavia, os custos dessa luta contra o desenvolvimento tecnológico e o aumento da liberdade monetária são unicamente do governo. Investigações, novas leis, processos judiciais, novas técnicas de espionagem custam muito dinheiro e recursos. E o governo apenas começou a sua caçada as criptomoedas.

O fechamento do Silk Road e a prisão de Charlie Shrem, principal executivo da BitInstant, são somente as primeiras ações. Entretanto, os benefícios de uma comunidade e de um ecossistema de criptomoedas robusto, mutante e crescente estão se espalhando para mais e mais pessoas. O governo pode impedir o funcionamento de alguns sites como o Silk Road e outros, mas outros continuarão a surgir, considerando os custos relativamente baixos envolvidos na criação e a o grande fluxo de valor inerente a uma grande comunidade de usuários.

A Internet como um todo funciona da mesma forma. Tentativas de restringi-la, como o Stop Online Piracy Act (SOPA), geram custos enormes para os legisladores que tentaram aprová-la. Enquanto isso, a tecnologia se desenvolveu até um ponto onde, mesmo se o governo fosse capaz de restringir e suprimir a Internet, outras redes fora do controle governamental poderiam facilmente surgir. A darknet já existe, está sendo ativamente usada por indivíduos interessados em privacidade, e poderia ser expandida para tratar de infrações fora da rede regular.

Esse é um projeto que vira a lógica da ação política de pernas para o ar. Graças à tecnologia e a natureza distribuída das redes, não somos mais dependentes do processo político, regra majoritária, e a chamada “tributação justa” e ao regime fiduciário. Quando mais a economia se mover para a Internet, mais seguros estaremos e mais distribuído será o poder.

// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. | Artigo Original


Sobre o autor

Carl Oberg

Formado em administração pela American University, passou dez anos trabalhando dentro do governo federa até o dia em que entrou na George Mason University para cursar Economia. Lá teve contato com o CATO Insitute e o Woodrow Wilson International Center for Scholars. Desde Junho de 2010 é diretor-executivo na Foundantion for Economic Education.



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